terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Incursões pela feira
Nas minhas desesperadas tentativas de evitar ficar em casa fechada sozinha tenho ido todas as segunda-feiras à feira da Vila.
Um hábito saudável que me faz por a pé cedo, ir a pé e voltar cheia de sacos a fazer musculação e equilibrismo.
A Vila ganha nova vida, ganha o bulicio de uma grande cidade com um "je ne se quoi" de pitoresco e tipicamente Português.
As feiras deveriam ser também um símbolo nacional tão importante como o fado porque como dizia um cartaz de "Guimarães capital Europeia da Cultura" que vi há dias "A cultura somos nós" são as gentes, são o povo. Em cada Feira está um pouco da alma do nosso povo.
Lá se vende um pouco de tudo, desde galinhas vivas e ovos caseiros e discos do Tony Carreia e do nosso sucesso Nortenho o Zé Amaro (um ilustre desconhecido para mim)mas segundo o senhor da barraquinha das cassetes (sim ainda há cassetes!!!) é o último grito nacional.
Gosto de ver aquelas velhinhas equilibradas nos seus banquinhos de armar cada qual com meia dúzia de sacas velas no chão há sua frente vendendo o pouco ou o muito que a terra lhes deu e lhes permite vender, um ramo de alho francês, um punhado de tangerinas, umas batatas roliças e uma galinha velha. Simpáticas nos dizem "Hoje não quer nada menina?" "Prove as minhas tangerinas, são doces como mel, só leva se provar e gostar". E dá vontade de comprar uma saca a cada uma daquelas velhinhas e dar-lhes um beijinho por estarem ali com seu sorriso faça chuva ou faça sol a alegrar o dia dos transuentes.
Gosto de ouvir as ciganas berrando e ensinando os filhos criados na feira a alma do negócio, saber berrar bem e atrair a cientela "Venha ver, venha ver a cigana está a dar, camisolas a 5 Euros"; "Venha ver freguesa venha ver que ver não tira e pode apalpar que a cigana não rallha"; "Venha ver o artigo da cigana, 100% Português, 100% nacional"; "O que é nacional é bom, venha comprar sem medo que aqui não há nada chinês, é produto de qualidade"; "Venha comprar duas cuequinhas 1 euro para agradar o marido, o amante, ou o padre"; "Oh freguesa venha ver a meia, tem com pelinho e sem pelinho para todos os gostos". E eu vos desfiando cada tenda com um olhar atento e rindo destes pregões originais e genuínos.
Gosto de percorrer as barraquinhas e ver as novidades, as pechinchas e fazer alguns negócios que são bem Portugueses mas mais parecem da China. Trazendo sempre um saco cheia até onde a nota de 10 euros render e quando acaba volta-se para casa um peso consideravel nas mãos mas uma alma bem mais leve e um pouco mais feliz.
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1 comentário:
Gosto do que é natural.... e vivo!
E as feiras são-no sempre.
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