sábado, 23 de março de 2013
Uma linha de pensamento...
Um impossível sem diagnóstico
Este tema surgiu da minha experiência como utente deste hospital que me fez reflectir enquanto profissional de saúde.
Um filho é para a mulher um dado adquirido, uma certeza tão grande como ir casar quando encontrar marido e morrer quando chegar a sua hora. Um filho após o casamento é um projecto muito desejado e meticulosamente planeado, e por isso tudo o que envolve a maternidade é envolvido numa grande áurea de ansiedade e expectativa.
Trabalhar ontem em obstetrícia era trabalhar com a vida, como um acontecimento normal da vida de uma mulher. Trabalhar hoje em obstetrícia é muito mais do que isso, é trabalhar com sonhos e expectativas de anos e anos a fio. às vezes como parteira sinto-me uma artista lidando com cristal, ou como um biólogo cuidando um bonsai.
Daí que quando o tempo passa e o bebé não vem a ansiedade duplica, o medo triplica e é com relutância que o casal decide pedir ajuda e começar uma batalha de perna aberta onde tem de perder o pudor, onde tem de aprender a gerir as lágrimas e infelizmente na maioria das vezes sózinha.
Primeiro o tempo de espera, tudo demora muito tempo,segundo o nunca mais acabar de análises e exames e terceiro um diagnóstico que tarda em chegar. E quando chega esse diagnóstico e ele é inconclusivo, indeterminado, sem diagnóstico?
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