terça-feira, 29 de setembro de 2009

Nasci para ser parteira


"Parteiras na Bíblia

Reza a Bíblia que a profissão das parteiras é sagrada. Foram elas que salvaram os hebreus da fúria dos faraós. No Egipto antigo, um faraó indignou-se com a presença hebraica em suas terras. Os judeus eram numerosos e não paravam de se multiplicar. Ora, em caso de guerra, eles poderiam sair vitoriosos. O faraó, então, dirigiu-se às parteiras dos hebreus — Séfora e Fua — e determinou que elas matassem todos os bebês homens desta raça que trouxessem ao mundo. Tementes a Deus, elas não obedeceram. Não mataram um bebê sequer, e Moisés, inclusive, só recebeu os Mandamentos de Deus porque foi salvo por uma parteira. No livro bíblico Êxodo, é possível conferir. ‘‘Deus beneficiou as parteiras: o povo continuou a multiplicar-se e a se espalhar. Porque elas haviam temido a Deus, ele fez prosperar suas famílias.’’


Há algum tempo tenho sentido um desejo indescritível de acompanhar gestantes em trabalho de parto. Não que isso me venha como uma nova área de trabalho para ganhar o pão de cada dia, não. Seria por paixão mesmo. Tenho uma verdadeira paixão por grávidas. Elas carregam consigo não apenas um bebé, mas algo profundo e misterioso que me encanta. Não tem explicação, não é neurose, é instinto. É vontade, que aparece do nada, e me move.

Pra mim, no fundo do meu coração, trabalhar com gestantes seria um bálsamo, algo divino, como uma missão de vida mesmo. Não foi a primeira vez me peguei pensando que escolhi a profissão errada. Ser publicitária é bom, me transformo em mil ao mesmo tempo para dar conta de aprender a cada dia. Mas me falta algo, me falta o sentimento de realização pessoal que só vem preencher o peito quando ajudamos o outro.

Alguma coisa não encaixava direito, um ponto de interrogação enorme continuava rondando minha cabeça oca. Essa vontade, esse elo com as minhas próprias raízes na verdade estava escondido até o dia em que nasceu minha filha. Foi ali que renasci. Através daqueles 8 cortes, da dor, do desespero, meu lado mãe foi forjado. (poético não? hehehe). Além disso alguns "sinais" me dizem o tempo todo que eu estou indo no caminho certo.: re-encontros com antigas amigas que agora estão grávidas, e outras que não via há muito tempo. O encontro com duas médicas maravilhosas que atendem partos naturais. O meu amadurecimento pessoal em relação a minha cirurgia. E os sonhos... esses sim, tem sido bem frequentes e marcantes.

Há algumas semanas tenho sonhado toda santa noite com grávidas, de todos os tipos, altas, magras, novas, velhas, amigas, desconhecidas. Inclusive comigo mesma, gravida em todas as etapas, no inicio, no fim, em trabalho de parto. Por fim, em cada sonho, me vinha sempre conforto na alma de que eu era uma boa parteira. Além disso, a água sempre estava presente. Água limpa, profunda, em forma de rio, as vezes calmo, as vezes revolto, mas muita água. Uma vez inclusive eu era um barco, carregando pessoas comigo no meio de uma tempestade.

Pra completar esse carrossel de coincidências, tenho que admitir aqui o meu grande defeito: a capacidade de se adaptar, mudar, me transformar, de acordo com as pessoas com quem eu convivo. Sim, não tenho personalidade forte, não sou de bater-boca, mudo conforme o vento. Simplificando: sou igual à Mística, mutante-lagarta do X-Man. Hohoho. Chega a ser patético, sério, basta eu conversar dois tempos com alguém de sotaque forte, já me pego falando do mesmo jeito. Concordo com tudo, vejo pessoas e sempre absorvo sua personalidade. Herdei isso de meu pai, somos assim, bobos demais. Então, depois que a Naoli falou que parteiras são como água, tomam a forma do vaso que lhes carrega. Pronto, quebrou. Aliás, tudo se encaixou. Tive a certeza de que é isso ai, essa é a linha que costura todo o tecido.

No entanto, nunca ouvi falar de uma parteira que não fosse velha, experiente, e que já tivesse parido e criado seus filhos. Vocês já? Deve ser algo como um currículo, uma bagagem necessária. Elas têm que ter experiência, têm que ter passado pelo fogo, têm que ter independência (de ter filhos grandes, crescidos, criados) para poder se colocar à disposição de mulheres por vários dias.

Eu? Apesar do "chamado" vir de várias formas todos os dias, não tenho nem metade dessa bagagem. Minha filha ainda mama, usa fraldas, e precisa de mim o tempo todo. Nunca pari pelas vias normais, mas pretendo (hihihih). E sou muito nova ainda. Tenho que levar muita porta na cara para ter respeito.

Fica ai registado para mim mesma um dia, essa confissão. Eu nasci para ser parteira. Se eu tivesse nascido há um século atrás, com certeza estaria aparando bebés. Quem sabe um dia..."

in:http://parir.blogspot.com/2006/10/eu-nasci-pra-ser-parteira.html

Deixo-vos um relato com que me identifiquei em muitas coisas. Sinto que nasci para ser parteira e é em busca desse sonho que estou a trabalhar neste momento.

1 comentário:

mfc disse...

As grávidas são sempre bonitas!